Simplesmente me apaixonei

Ali estava eu, em frente daquele bando de caras sonolentas e eu não duvidaria nada que se tivesse uma cama naquele lugar todos já estariam dormindo. Parecia que aqueles slides não terminavam nunca, trabalhos de apresentação são meus piores inimigos, o nervosismo tomava conta do meu corpo, gaguejar e perda de memória são os sintomas. 

Depois de quase quatro minutos na frente daquela sala entediada o nervosismo abaixou, mas não por muito tempo, o mesmo garoto que me chamou no corredor e eu não dei atenção alguns minutos atrás entrava pela porta naquele momento, se sentou junto de meu amigo e simplesmente começou a conversar com o mesmo, mas seu olhar não se desgrudava de mim, ele me encarava de um modo que provavelmente até minhas bochechas se coraram, era provocador e ao mesmo tempo desconfortável.

Aquele momento ficou marcado em meus pensamentos durante muito tempo, dias passavam e sempre seu rosto vinha à tona em minha mente. Era quase impossível não me lembrar daquele olhar provocador, daquele sorriso com um tanto de malícia.

Sempre que podia eu o admirava nas horas vagas. Sim, foi exatamente assim que percebi que eu estava sentindo alguma coisa por ele, mas eu não queria aceitar. Como pode alguém se apaixonar por uma pessoa que nem ao menos conhece, nem ao menos sabe o nome? Mas o que poderia fazer? Simplesmente aconteceu. Eu diria que foi amor a primeira vista se ao menos esse amor fosse recíproco.

Em minha mente aquilo me atormentava, mas tudo agora que eu conseguia pensar era nele. Mas se ao menos ele viesse até mim, se ao menos quisesse me conhecer provavelmente isso já teria acontecido. Pode até ser que os tempos mudaram e que as mulheres devem assumir o controle da situação e simplesmente dar em cima de um cara, mas eu não sou assim e nem quero ser. Para mim sempre será da forma tradicional, "que venha o homem". Mas ainda assim aquilo era atormentador e nulo, impossível de acontecer, não tão impossível se um dos dois tomassem uma iniciativa.